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Considero que a espiritualidade esteja relacionada com aquelas qualidades do espírito humano, tais como amor, paciência, tolerância, renuncia, contentamento, noção de responsabilidade e de harmonia que trazem felicidade tanto para a própria pessoa quanto para os outros.
- Audinice Bortoleti Pereira

O vestido azul de Maria Luiza - Por Amélia Corrêa Coelho

O vestido Azul de Maria Luiza
Amélia Corrêa Coelho


Maria Luiza estava regressando de uma viagem a serviço do seu jornal e, a bordo do avião, teve um lindo sonho que na verdade mais parecia um delírio. Via-se trajada em vestido azul sobrevoando com um tapete mágico que a conduzia por um local repleto de flores azuis onde as pessoas, azuladas e quase transparentes, se comunicavam por telepatia. Só que, mesmo alheia àquele mundo, estranhamente tudo entendia mesmo sem nunca ter feito parte daquele local habitado por pessoas de aparência azuladamente distinta.

Só que Maria Luiza não imaginava que, a partir daquele momento, também se tornaria uma pessoa telepática e azulada.

Não percebera, também, que seu avião caíra e, já desencarnada, havia sido levada ao mundo florido e azulado. Assim, alheia ao acidente, pensava em não voltar ao mundo problemático, cheio de guerras, fome e miséria do qual partira, ainda que lá permanecessem suas filhas, marido e amigos.

Maria Luiza era uma pessoa bem formada.

Na Terra, exercia o jornalismo em conceituado jornal e, por conta disso, teve que viajar a um local conflituoso para promover uma grande reportagem.

Percebeu que todo seu esforço para conseguir aquela matéria havia ido por água abaixo. Tudo havia sido destruído naquele acidente, o que trazia o choro como único consolo por pensar na dificuldade que tinha enfrentado durante a faculdade de jornalismo, sobretudo por ter cursado a graduação na condição de mãe e dedicada esposa.

Chorava de saudade e tristeza ao perceber que tudo havia se acabado!

Desanimada e entristecida, começou a receber mensagens telepáticas orientando-a que tivesse paciência e aproveitasse bem o tempo para tirar proveito de sua estada naquele mundo azulado.

Certamente a possibilidade de descobrir coisas interessantes a ajudou relaxar.

Seguindo sua intuição, passou a flutuar naquele lugar e, para sua surpresa, encontrou duas irmãs que não se desgrudavam. Intrigada, por telepatia perguntou:

- O que aconteceu com vocês?

As meninas responderam iniciando um diálogo:

- Não, responde você primeiro o que aconteceu com você!

- Bem, eu sofri um acidente de avião, por isso estou aqui. (Maria Luiza)

- É, você teve o privilégio de nascer, coisa que nós não tivemos. Nossa mãe se desfez de nós!

Ela nos odiava, mas nós precisávamos encarnar para terminar de quitar algumas dívidas, por isso não nos separamos. Somos espíritos gêmeos.

Recebemos mensagens telepáticas afirmando que não mais precisamos encarnar. Se preferirmos, poderemos ficar no mundo azulado para sempre! (Irmãs)

- E o que vocês decidiram? (Maria Luiza)

- Vamos ficar nesse mundo auxiliando os espíritos desprezados e humilhados por seus pais.

Essa será nossa missão nesse lugar de categoria azulada. Sabemos que existem outros mundos mais avançados, mas como recebemos aquela mensagem, que não precisamos voltar ao mundo problemático até que sejam resolvidos alguns assuntos, ficaremos por aqui. (Irmãs)

Maria Luiza telepaticamente perguntou:
- E eu, como vou saber se tenho que voltar?

Da mesma forma, as irmãs responderam:
- Você saberá no momento exato.

- Eu estou me sentindo feliz em estar nesse lugar. (Maria Luiza)

- Só que esse mundo é apenas um estagio, não é algo permanente. Vai depender se vosso espírito já está preparado pra continuar nesse local, ou se já está preparado pra continuar nesse local, ou se terá que voltar ou mesmo ir ao outro lugar. (irmãs)

- Ah, tem mais um detalhe, nesse mundo só estagiam espíritos que se comportaram com certos valores no planeta Terra. Há estágios que são um verdadeiro suplício, onde o desencarnado vê tudo o que fez, como se fosse um filme de longa metragem. Aquele que praticou o mal, enquanto encarnado, sente todo o sofrimento que causou aos outros e não há como se livrar dessa visão. Somente sentindo no espírito o que causou aos seus semelhantes é que se consegue superar a fase de suplício. (Irmãs)

- Maria Luiza pensou:
"- Vou ficar algum tempo nesse mundo preparando minha volta a Terra.
Deixei duas filhas e um esposo maravilhoso lá e adoraria saber como estão."

Nesse momento o pensamento de Maria Luiza foi captado por espíritos superiores que lhe mostraram, por uma espécie de tela animatográfica, suas filhas, esposo e seus estimados genitores. Pelas imagens era fácil perceber que estavam bastante tristes.

Ocorre que, como num passe de mágica, passou a ver suas filhas já na fase adulta. Maria Luiza, esboçando espanto e curiosidade, ao perceber o avanço na linha do tempo, aguardou por ver seu amado esposo e genitores, mas, por mensagens telepáticas, foi avisada que todos já haviam desencarnado. Aquilo, de certa forma, não a espantou, pois sabia que encarnar e desencarnar eram coisas naturais e corriqueiras da vida na Terra. Nenhum encarnado fica eternamente em determinado corpo.


Flutuando pelo mundo azulado via-se cercada por vários espíritos bondosos que dividiam a ideia de voltar ao planeta Terra para ajudar com os conhecimentos adquiridos no mundo azulado.

Naquele mundo azulado encontravam-se espíritos estudiosos, muitos com formação médica, jurídica ou jornalística que, quando de passagem pelo planeta Terra, deixaram seu rastro luminoso mesmo tendo desencarnado sem terminar suas trajetórias evolutivas.

Exatamente por isso, muitos aguardavam nova oportunidade de encarnação para concluir o que haviam iniciado e que certamente se traduziria em melhoramentos evolutivos para a humanidade.

Maria Luiza continuava flutuando e apreciando seu flutuar até que algo lhe chamou a atenção.

Na sombra de uma árvore encontravam-se outros dois seres (espíritos) transparentes e azulados e, ao se aproximar para cumprimentá-los, teve uma grata surpresa. Tratava-se de seus estimados genitores. A felicidade tomou conta de seus pensamentos e logo iniciaram uma comunicação telepática:
- Como estou feliz em tornar a vê-los! (Maria Luiza)

- É filha, faz muito tempo que você se foi, mas nós cuidamos de suas filhas. Fizemos tudo o que podíamos por elas. Continuam na Terra, agora formadas, cumprindo nossa missão em relação a elas e a você. (Genitores)


Maria Luiza, interagindo telepaticamente com seus genitores no mesmo mundo azulado, começou a pensar se poderia encontrar com seu esposo, mas não tardou a intuir telepaticamente que aquele adorável homem já havia desencarnado e reencarnado novamente e, naquele exato momento, estava prestes a se casar no mundo terreno.

Mesmo assim, o desejo de revê-lo persistia, tomava-lhe os pensamentos até o momento de nova mensagem bater-lhe aos sentidos alertando que aquele ente querido havia reencarnado num corpo feminino.

Aceitou com resignação aquela mensagem percebendo que estava há muito tempo naquele mundo azulado e que, devido ao seu grau de evolução, havia se distanciado de vários espíritos que convivera tempos atrás no planeta Terra. Enquanto isso na Terra, Maria Lúcia, uma de suas filhas, já havia se casado e estava prestes a se tornar mãe.


A outra filha, Maria Paula, passou a se dedicar em assistência filantrópica e não se casou, talvez por ser essa sua missão para resgate e solução de dividas passadas.

Maria Lúcia guardava uma vaga lembrança de sua mãe. Lembrava-se de sua maneira meiga e generosa e isso a fazia acreditar que o nome do bebé prestes a nascer, se menina fosse, também seria Maria Luiza. Porém, o destino deu-lhe um garoto que foi agraciado como Luiz.

Ao mesmo tempo em que observava suas queridas filhas, Maria Luiza encontrava vários espíritos no mundo azulado que antes tinham dividido com ela inúmeras passagens no planeta Terra. Alguns com lembranças remotas, até porque já havia muito tempo que estava naquele mundo espiritual.


De certa forma, tinha uma grande vantagem em reconhecer esses espíritos, mas não se aprofundava nesta questão para continuar flutuando e passeando até deparar-se com um lugar repleto de verde e variadas cachoeiras.

Ficou extasiada em presenciar aquele lugar maravilhoso, cheio de árvores frutíferas e outras tantas floridas. Os frutos e as flores eram de inúmeras cores, muitas jamais vistas em sua vida terrena.

Havia pássaros e borboletas de muitas espécies. Era realmente uma beleza universal!

O canto dos pássaros parecia uma sinfonia interminável, era maravilhoso poder ouvir e apreciar o maior espetáculo do universo. 

Nesse lugar não havia espírito, só a natureza exuberante que tornava fácil pensar como era grande o poder da força criadora.

Percebeu que não conseguia se transportar para aquele paraíso, apenas via sua imagem como se fosse uma tela cinematográfica. Recebeu mensagem telepática afirmando que era hora de regressar ao seu mundo e flutuando rumou até lá chegar.

Na chegada teve outra surpresa. Sua filha Maria Paula, que se dedicou a assistência filantrópica, também chegara ao mundo azulado. A felicidade tomou-lhe o momento e valeu-se da telepatia para pedir desculpas por não ter conseguido ficar mais tempo com ela no mundo terreno.

Sua filha, dizendo não haver do que desculpar-se, acrescentou:

- Fui feliz em minha ultima encarnação na Terra e cumpri o que havia programado no meu mundo de luz quando resolvi encarnar novamente.

Parti de lá com a sensação de dever cumprido e, chegando aqui, recebi uma mensagem dizendo que poderia permanecer nesse mundo sem precisar encarnar novamente. Pretendo ficar, e você?

- Estou preparando minha volta a Terra, mas creio que isso vai demorar um pouco mais. (Maria Luiza)

E assim encerraram o dialogo telepático com cada uma flutuando em direções distintas. Talvez não se encontrassem mais naquela fase evolutiva.

Maria Luiza flutuava e ia adquirindo energias fluídicas para uma nova encarnação. Estava esperando sua fecundação e optou por encarnar na mesma família e, ao flutuar, foi pensando como seria sua missão no planeta Terra. Talvez fosse jornalista outra vez, talvez não, mas, por ironia do destino, prevaleceu esse registro em seu mundo espiritual.

Durante seu flutuar conseguiu ver que sua filha Maria Lúcia estava entre os preparativos para o casamento de seu filho Luiz. Percebendo sua felicidade também se sentiu feliz.

Do seu mundo azulado desejava muitas felicidades a seu neto enquanto flutuava e esperava a oportunidade de reencarnar. Soube, posteriormente,
que no futuro próximo viria a ser filha do seu próprio neto!

Crescido, Luiz casou-se com muito amor e alegria em cerimônia esplendorosa. Sua viagem de núpcias foi planejada com auxílio de Maria Lúcia que, enquanto o ajudava, disse:
- Sua avó Maria Luiza, esteja onde estiver, deve estar muito feliz por você! Ela era uma pessoa muito bondosa e prestativa. Enquanto viva, foi jornalista e veio a desencarnar em acidente aéreo quando retornava de uma viagem a trabalho.

Naquela época eu era muito pequena. Não tinha mais que nove anos, mas lembro-me perfeitamente que sempre que adormecia sentia a presença dela mesmo sendo criada e educada por meus avós que me nunca negaram apoio e amor. Seja onde quer que estejam, eternamente serei grata!

- Mamãe, porque só agora a senhora esta me falando sobre isso? (Luiz)

- Senti que devia falar neste exato momento, as vezes sua fisionomia me lembra ela, talvez por seu semblante bondoso. Saiba que para mim você é uma pessoa muito especial. (Maria Lúcia)

Maria Luiza, de seu mundo azulado, percebeu que realmente Luiz era um espírito especial e que esta seria a sua ultima encarnação no planeta Terra.

Só que, antes de partir para seu mundo espiritual, deixaria sua sementinha naquele local, no caso, Maria Luiza em sua nova encarnação.

E foram passando os meses até que houve a tão esperada fecundação. O espírito dede Maria Luiza ganhava a vida terrena novamente unindo-se com sua genitora através de um cordão fluídico.

E assim Maria Luiza regressou daquela longa viagem astral.

Naquela linda manhã de primavera Maria Luiza chorou pela primeira vez e para a alegria de seus pais.

Seu choro traduzia a felicidade de estar novamente encarnada para terminar o que ficara gravado em sua mente espiritual. Dessa vez estava predestinada a conseguir terminar sua jornada evolutiva.

Com o passar dos anos Maria Luiza, que em homenagem à sua bisavó recebera o mesmo nome, tornou-se uma linda mocinha que alegrava a existência de seus genitores como se fosse a mais linda flor de seus jardins.

Crescida, Maria Luiza concluiu a faculdade de jornalismo e, por incrível que pareça, foi trabalhar no mesmo jornal de sua encarnação anterior tornando-se uma excelente colaboradora.

Em seu local de trabalho conheceu Lucas (que mais tarde seria seu esposo), também jornalista, e começaram a ter um relacionamento que foi ficando cada vez mais sólido. Perceberam que entre eles havia certa atração espiritual. Ambos gostavam das mesmas coisas e se sentiam bem em estar sempre juntos.

Com a situação financeira bem planejada resolveram se casar e não tardou para que Maria Luiza descobrisse que estava grávida de gêmeos.

Aquilo tudo se traduzia numa felicidade imensa.

O que Maria Luiza não desconfiava é que os dois bebes que esperava na verdade seriam a encarnação daqueles dois espíritos que conhecera no mundo azulado, mais precisamente as irmãs gêmeas. Ambas resolveram reencarnar para o resgate de dividas passadas e escolheram como mãe Maria Luiza. 

Sabiam que desta vez seriam amadas por este espírito bondoso e assim conseguiriam terminar o que haviam programado quando viessem a deixar a matéria rumo ao mundo superior.

Maria Lúcia quando soube que seria bisavó ficou muito feliz, afinal já estava chegando ao fim de sua missão no planeta Terra, mas, antes de partir, teria a felicidade de conhecer suas bisnetas. Nesse contentamento foi passando alegremente seus últimos momentos.

E assim, num lindo dia de primavera as meninas gêmeas do mundo azulado desceram a Terra mais uma vez. Essa seria sua última passagem por aqui para solucionarem pequenos conflitos deixados em épocas remotas para que, assim, pudessem seguir a mundos mais evoluídos sem necessidade de novas reencarnações.

Maria Luiza, ao escutar o chorinho das suas filhas, sorriu de felicidade e percebeu a grande missão que tinha em suas mãos. Teria que preparar esses dois espíritos para a estrada da vida.

Teria que dispensar muita dedicação para seguir em frente e assim o fez.

Anos se seguiram e as meninas gêmeas, que receberam os nomes de Clara e Maria, estavam com nove anos quando Maria Luiza foi chamada pela diretoria de seu jornal com a missão de fazer uma reportagem em determinado país.

Curiosamente, tratava-se do mesmo país de sua desencarnação na vida anterior. Inicialmente sentiu um certo desconforto com aquela notícia, mas como era um espírito evoluído logo pensou: " - Tudo vai dar certo!".

E assim Maria Luiza partiu para aquela missão jornalística, mas quando estava dentro do avião sentiu a estranha sensação de que já havia passado por tudo aquilo mas espontaneamente teve a certeza que tudo iria acontecer como estava planejado.

Envolta nesse estranho pensamento relaxou e adormeceu. Não tardou a sonhar que estava num lugar muito bonito, cheio de flores azuis e se vestida num lindo vestido azul. Parecia, também, que flutuava (Detalhe: sua mãe Maria Lúcia havia desencarnado e se encontrava no mundo azulado) e flutuando teve a impressão de encontrar-se com sua mãe. Naquele encontro ambas sorriram e se sentiram felizes pelo reencontro.


Ao despertar logo pensou: - Que sonho lindo acabo de ter! Parecia que estava flutuando num mundo azulado e via minha mãe! Nossa, que sonho maravilhoso!

Chegando ao país de destino tomou um táxi e rumou ao hotel. Pelo trajeto reparou nas vitrines das lojas e pensou em visitá-las para presentear seu esposo e filhas por ocasião de seu retorno.

Chegando ao hotel, tratou logo de ligar a eles para dizer que tudo estava em perfeita ordem. Fez o mesmo ao ligar para seu jornal e aproveitou para colher as instruções a respeito da reportagem que seria realizada naquela cidade.

Depois de tudo acertado, dirigiu-se ao restaurante do hotel para uma refeição e, logo em seguida, rumou ao encontro de outros jornalistas que a aguardavam no local combinado.

A reportagem seria numa cidade próxima de onde se encontrava hospedada. Ao adentrar no ônibus teve novamente a impressão de já haver passado por tudo aquilo. Chegando ao local da reportagem ficou estarrecida com pobreza alarmante, com inúmeros conflitos. Sentiu-se oprimida e agoniada, mas sem poder fazer, começou a escrever sobre aquela miséria na esperança de que surgisse uma luz no fundo do poço.

Ficou um dia nesta cidade em companhia de outros jornalistas e, concluindo a sua reportagem, regressou à cidade onde estava hospedada.

Comparou as duas cidades e sentiu a diferença entre ambas: uma era organizada e limpa; a outra era simplesmente de estarrecer.

Pensou consigo: - Mas o que fazer? Vivemos num mundo com varias classes espirituais. As pessoas encarnadas com certa evolução espiritual não têm outra opção senão seguir em frente sem se abaterem. Sabemos que estamos nesse mundo de passagem e que temos a missão de ajudar grande parte da humanidade a se portar com dignidade e ensinar que o que é da Terra na Terra fica!

O que acompanha o espírito no momento de sua desencarnação é unicamente o seu bom proceder!

Maria Luiza escreveu e releu sua matéria para concluir que estava muito boa. Tinha até a reservada esperança de que poderia ajudá-la profissionalmente.

Chegando ao hotel, arrumou suas coisas para a partida no dia seguinte e resolveu comprar alguns presentes para saudar seu esposo e filhas.

Solicitou um táxi e se dirigiu àquela passarela de lojas. Pesquisou varias até que numa encontrou uma linda camisa que serviria como uma luva em seu marido. Estava convicta disso já que ambos dividiam o mesmo gosto.

Faltava, apenas, o presente de suas filhas. Procurou em várias lojas até que conseguiu encontrar duas lindas bonecas. Comprou-as na certeza de que fizera uma excelente escolha.

Na saída da loja deparou-se com vários vestidos a venda, mas um em especial chamou sua atenção. Era um lindo vestido azul que não poderia passar desapercebido. Resolveu, então, experimentá-lo, afinal ela também merecia um agrado.


O vestido caiu-lhe perfeitamente no corpo e não haveria por onde não comprá-lo.

De volta ao hotel, já adormecida, voltou a sonhar que estava num lugar muito bonito onde existiam muitas flores azuis e trajada estava com seu lindo vestido azul.

Acordou com a sensação de estar flutuando e pensou consigo: - Vou viajar com meu vestido azul.

De azul, na recepção do hotel, solicitou o táxi que a levaria ao aeroporto e cuidou de ligar para seu esposo e filhas para informá-los do horário de chegada do seu avião.

E assim, Maria Luiza embarcou de volta ao seu país. Estava feliz por ter feito um ótimo trabalho, mas não percebeu que, na verdade, havia acabado de concluir a missão de sua encarnação na vida regressa.

Mais uma vez, dentro do avião, sentiu aquele devaneio de que estava flutuando num mundo azulado, cheio de flores azuis vendo-se trajada em seu lindo vestido azul.

Despertou com a voz da aeromoça informando que estavam se preparando para aterrizagem e pensou consigo:
- Que estranho senti como se estivesse flutuando!

A partir daquele momento tudo seria apagado de sua mente. Não se lembraria com a mesma nitidez de estar flutuando num mundo azulado cheio de flores azuis.


Com o pouso tranquilo do avião, Maria Luiza desembarcou ansiosa por rever suas queridas filhas e esposo que já aguardavam no aeroporto e, entre beijos e abraços, uma de suas filhas falou:
- Mamãe como você está linda com esse vestido azul.

- É filha eu também gostei desse lindo vestido azul.

A outra filha, não menos encantada, disse:
- É lindo mesmo. Eu adorei! Quando eu crescer também vou ter um lindo vestido azul!


E todos sorriram com a frase e caminharam para a saída do aeroporto.

Maria Luiza havia terminado a sua missão jornalística com grande sucesso, e seguiria a estrada da vida em sua trajetória evolutiva.

E que mundo azulado é esse?
Ora, isso fica a critério da imaginação dos demais.

O vestido azul de Maria Luiza
Por Amélia Corrêa Coelho

Um pouco sobre a autora,

A Senhora Amélia Corrêa Coelho, além de ser estudiosa por muitos anos da Doutrina espiritualista racionalista cristã, participa assiduamente das reuniões públicas na Filial Santos do Racionalismo Cristão - Brasil.

"Não sou espírita, mas sim espiritualista. Acredito que existe uma força maior no universo de onde tudo vem e vai.
Acredito que tudo que fazemos é observado por forças superiores e inferiores e que convivemos com várias classes espirituais.
Quando encarnamos nesse mundo, foi para viver as quatro fases da vida; a infância, a mocidade, a maturidade e a velhice, mas estamos sujeitos a desencarnar momentaneamente, sem ter completado todas as fases devido às vicissitudes e calamidades que existem no planeta Terra." a autora

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